Feminismo é um termo muito ouvido e falado nos últimos tempos. E é difícil saber de alguém que não tenha conversado sobre o assunto ou que não tenha alguma opinião. Mas esse grande movimento que temos acompanhado nos últimos anos não surgiu do nada.
Existem muita história por trás da luta pelos direitos das mulheres e igualdade entre gêneros. Conheça agora os principais pontos da história do feminismo e entenda como foi (e está sendo) a batalha que fez a sociedade chegar até aqui.
O que é feminismo?
Antes de adentrarmos na história propriamente dita, é importante esclarecermos do que se trata o termo e por que a discussão semântica em torno dele é tão importante.
Resumidamente, feminismo é um movimento de luta contra todo e qualquer tipo de opressão exercida sobre mulheres e pela igualdade dos gêneros. O termo também pode ser considerado como uma corrente de pensamento filosófica-sociológica, uma vez que diversas pensadoras têm suas obras baseadas nesse movimento, que produz até hoje estudos e pensadoras de todas as partes do mundo.
O mais antigo registro do uso do termo “feminismo” é datado do ano de 1872, na França e nos Países Baixos e em 1890 na Grã-Bretanha, insinuando que se tratava de algo nocivo à sociedade.
As origens do feminismo
Para falarmos da história do feminismo, é importante entender o contexto que fez com que esse movimento fosse necessário no mundo. A percepção de que todos os setores da sociedade eram dominados exclusivamente por homens não é recente e existiram diversas mulheres que chegaram a contestar esse domínio.
Podemos citar como algumas das principais figuras do que hoje é chamado de “protofeminismo”:
- Marie de Gournay
- Marie de France
- Edviges da Polónia
- Cristina de Pisano
Essas mulheres da idade média até a renascença eram, em geral, poetisas e escritoras ou até mesmo rainhas, como é o caso de Edviges da Polónia, importante figura do leste europeu no século XIV. Apesar disso, é de conhecimento geral que as mulheres também tiveram uma importante participação em movimentos como a revolta dos camponeses, no fim da idade média. No renascimento, também existiram pintoras como Cristina de Pisano, que foram as primeiras mulheres a defender o sexo feminino através de suas obras.
Apesar de essas mulheres não estarem reunidas através de um movimento, elas serviram de inspiração para a contestação por uma sociedade mais justa e igualitária. O que deu origem ao movimento feminista.
Primeira onda do feminismo
Para explicarmos a história do feminismo, precisamos falar sobre a primeira onda, caracterizada por uma série de avanços sociais ao redor do mundo inteiro durante o século XIX e início do século XX, ainda que o movimento tenha sido muito mais forte em países como França, Canadá, Estados Unidos e Holanda.
A discussão entre igualdade de gêneros começou no iluminismo e se intensificou após a revolução francesa, já que este acontecimento levantou diversas discussões sobre igualdades dentro da sociedade. É nesse período que a escritora Mary Wollstonecraft escreve o que é conhecido como um dos primeiros tratados feministas, a obra “Uma Reivindicação pelos Direitos da Mulher”. Essas primeiras ativistas do feminismo ficaram conhecidas como sufragistas.
Alguns dos principais avanços dessa parte da história do feminismo são o direito de mulheres terem propriedades em alguns países, sobretudo nos Estados Unidos, o direito à escola primária em diversos outros países e profissões com de comércio sendo também liberadas para mulheres. O direito ao voto às mulheres é um dos avanços mais comemorados dessa época, ainda que tenha demorado quase um século para que chegasse ao Brasil e até hoje não existe em certos países.
Segunda onda do feminismo
Os avanços da primeira onda do feminismo duraram cerca de um século e trouxeram muito mais do que direitos para as mulheres, a capacidade delas de se unirem e fortalecerem o movimento. A segunda onda surge em um momento pós-segunda guerra mundial nos Estados Unidos e acaba se espalhando para o mundo todo.
Esse movimento surgiu a partir de inspirações como os escritos de Simone de Beauvoir, umas das autoras mais importantes sobre o feminismo até os dias de hoje. Suas obras contestavam, principalmente, os moldes da sociedade patriarcal e o papel da mulher visto como “segundo sexo” pela sociedade como um todo.
O movimento ganhou prestígio e a criação da Comissão de Status da Mulher pelo então presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, foi um dos grandes avanços da época também.
A segunda onda do feminismo é marcada também pela criação de uma própria cultura pop, já que elas consideravam os elementos culturais – sobretudo os produtos televisivos – sexistas. A canção “I am a Woman”, da cantora Asutraliana Helen Reddy se tornou um hino feminista da época.
Terceira onda do feminismo
A terceira onda do feminismo surge com pautas diferentes da onda anterior e vem exatamente com a ideia de corrigir supostos erros deixados anos atrás. Com mais direitos conquistados, essa terceira onda que surge em meados dos anos 1990, leva o movimento para muito além de discussões legais, como direitos trabalhistas e licença maternidade, mas aparece com contestações comportamentais também.
É a partir desse movimento que temas como sexualidade, empoderamento e respeito são mais discutidos. Produtos culturais também começaram a surgir, como filmes e programas de televisão que abordavam os assuntos que o movimento colocava em pauta, além de a música também se fazer presente com o movimento “Riot Grrrl”, de punk rock dos Estados Unidos e que fez bastante barulho durante a década de 90.
Quarta onda do feminismo
Pode-se dizer que ainda estamos vivendo a quarta onda do feminismo, que teve seu início em meados de 2012 e está totalmente associado ao uso de redes sociais. Talvez (ou provavelmente) por isso, o movimento tem crescido e conscientizado mulheres do mundo inteiro.
Diversas campanhas no cinema e na televisão mundial tem feito com que, gradualmente, a representatividade da mulher cresça em papeis de destaque, principalmente em filmes hollywoodianos, que são os mais consumidos no mundo todo.
Esse movimento, porém, tem se espalhado pelo mundo todo e atingido até mesmo países considerados extremamente machistas, como o Irã e a Índia, por exemplo. Não é possível falar para onde exatamente essa quarta onda vai, pois ainda estamos a vivendo, mas já é possível presenciar diversas mudanças positivas que o movimento tem trazido.
Considerações Finais
É claro que existe muito mais a se falar, mas é importante ter uma noção básica da história do feminismo e de como esse movimento teve suas bases, surgiu, evoluiu e hoje está mais forte do que nunca, provando que o papel da mulher dentro da sociedade ainda precisa ser mais igualitário.
Feminismo é muito mais do que um tema polêmico. É algo que precisa ser discutido, desmistificado e entendido por toda a sociedade – homens e mulheres.
É dessa forma que podemos evoluir como seres humanos e aprender a conviver com mais respeito e tolerância. A batalha que presenciamos hoje em dia é fruto de algo que vem acontecendo há mais de um século e todos nós sabemos que é uma luta que não vai parar tão cedo. Fazer sua parte é essencial para que toda essa luta não seja em vão.